Boas Vindas

Olá seja bem vindo ao Blog da Pastoral da Comunicação. Aqui você irá encontrar muitas noticias do que está acontecendo na Arquidiocese Sant' Ana de Botucatu. Tenha uma boa navegação. E visite também o site da Arquidiocese de Sant'Ana de Botucatu: www.arquidiocesedebotucatu.com.br


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Reunião da Pascom cancelada

Pe. Rogério noticia que devido ao I Congresso da Juventude fica cancelado a Reunião da Pascom agendada para esse sábado dia 25 de junho. Agradecemos a compreensão de todos os agentes de Pastoral da Comunicação.

O padre Rogério pede que os agentes de Pastoral da Comunicação compareçam ao Congresso e registrem com fotos, entrevistas com os jovens e organizadores esse evento importante em nossa Arquidiocese e juventude católica. Rezemos por tantos jovens que necessitam de esclarecimentos sobre a fé e a humanidade.

sábado, 18 de junho de 2011

Eucaristia marca os 141 anos da cidade de São Manuel


São Manuel completa 141 anos de emancipação política administrativa. Também a paróquia São Manuel de São Manuel completará 127 anos de criação. A paróquia foi criada em 04 de outubro de 1884. O padroeiro e a emancipação do município foram comemorados no dia 17 de junho, dia do santo mártir São Manuel.
A história do santo mártir, Manuel, nobre no reino persa, foi enviado como embaixador com mais dois companheiros: Ismael e Sabel, à Roma para consolidar um tratado de paz entre o Império Romano e o Reino Persa no ano de 363.

Era imperador de Roma nesta época Juliano. Este alimentou o ódio ao Cristianismo e proibiu o culto cristão, por não concordar com os ideais de seu tio Constantino que havia, em 313, dado liberdade aos cristãos. Ao saber que os embaixadores persas eram cristãos não houve o tratado de paz e os submeteram a várias humilhações a fim de que adorassem os ídolos se curvando ao seu poder.

Homens fiéis e não se intimidando com o poder humano, Manuel, Ismael e Sabel, não se curvaram ante os ídolos a conseqüência foi a condenação à morte. Morreram por Jesus Cristo, não negaram o seu nome e nem o seu poder sobre eles. Foram testemunhas de Cristo no império romano.

Foi realizada a Santa Eucaristia no dia 17 às 10h presidida por Dom Mauricio Grotto de Camargo. Foi marcada também com a presença de vários padres da nossa arquidiocese: Cônego Emerson Rogério Anizi (Catedral de Botucatu); Pe. Willian César Nunes (vigário Santuário Nossa Senhora da Piedade – Lençóis Paulista); Frei Cordeiro (Guarapuava – PR); e os padres do município de São Manuel: Pe. Durvalino Condicelli, IMC (Pároco da Paróquia São Manuel) e seus vigários paroquiais Pe. Ettore Elias, IMC e Pe. Jaime, IMC; o pároco da Paróquia Nossa Senhora Consolata, Pe. Adauto José Martins e o Pe. Rogério Zenateli, pároco do Santuário Nossa Senhora Aparecida do distrito de Aparecida de São Manuel. Contanto com a presença do prefeito municipal Tharcilio Baroni Filho, e a primeira dama, vereadores e autoridades civis e militares, assim como os fiéis em Cristo de São Manuel.

Dom Mauricio em sua homilia falou sobre a importância da missão e de ser missionário. Exaltou os mais de 70 anos de presença dos missionários do Instituto Missionários da Consolata, marcando a vida de fé com o seu testemunho de deixarem suas famílias e amigos em suas terras natais para que mais pessoas creiam em Jesus Cristo, enviado de Deus Pai e que envia todos à missão. Ressaltou a importância do Programa Paróquia Missionária (PROPAMI).


 Confira abaixo algumas fotos desse momento da história de São Manuel e de sua Paróquia. Clique na foto para ampliá-las.


























sábado, 11 de junho de 2011

O Espaço Sagrado por Jorge Armando Pereira

 Texto desenvolvido por Jorge Armando Pereira.
                             “Eis a Tenda de Deus conosco” (Ap 21,3).
É neste espaço limitado, que nós condicionamos o ilimitado “o Próprio Deus”, neste contexto nota-se que é neste local determinado como Sagrado que o transcendente se faz presente. Estamos tratando explicitamente de nossas Igrejas, quanto a templos, espaços reservados ao culto ao Criador por meio de ritos que nos proporcionem uma conexão com Deus. Por meio da liturgia, esta que é considerada como “instrumento de união entre o homem e Deus e Deus e o homem” (Pastro, 2007, p.42), somos tocados pela graça divina a qual percebemos através de percepções sensíveis aos nossos sentidos. Somos permeados por palavras, gestos, cores, luzes, sons, aromas enfim inúmeros fatores materiais que nos transportam a sensação de sermos acalentados por um gesto divino o qual nos toca carinhosamente durante a Sagrada Liturgia.
Observamos que todos estes aspectos se fazem de relevante importância tendo em vista que o ser humano carece de uma sinestesia que lhe confere um estado de introspecção com o divino. Assim, denota-se a relevância de que a estruturação material aliada a teologia, projeta no ser humano um encontrar-se com o transcendente por meio de um ambiente que o incite ao aprofundar-se neste transe psicológico o qual nos fundimos durante as Santas Missas. Toda esta transcendencialidade pode ser abstraída quando nós nos sentimos rodeados por estas sensações obtidas pelo sensível, meio este do qual ainda nos carece exaurir todas as possibilidades existentes que nos possam proporcionar um verdadeiro encontro pessoal com Deus.
Visando este conectar-se com o divino é que poderemos estabelecer um caminho que nos permita atingir este ideal, do qual todos nós almejamos. Com base nos documentos da Igreja é que podemos estruturar as significações plausíveis com relação ao Espaço Sagrado, do qual carecemos conhecer seus fundamentos eclesiais. Podemos ressaltar que é neste espaço reservado ao culto do Mistério Pascal, é que o próprio Cristo se faz presente. É imprescindível que tenhamos por este ambiente, profundo respeito de reverência, pois não se trata de um lugar qualquer, mas sim o próprio lugar onde Deus habita.

Em consonância com estes fundamentos podemos edificar as diretrizes das quais devemos nos ater em relação à concepção destes espaços sagrados, devemos antes de tudo consultarmos o que a Igreja nos orienta de como devemos proceder. Quanto a estas especificações precisamos estar atentos as necessidades de cada comunidade a qual necessite da elaboração de um projeto de um novo espaço ou mesmo uma determinada reforma.
Temos que sempre levar em consideração que precisamos conhecer o significado e o porquê de todos os componentes que fazem parte deste contexto. Por exemplo: o presbitério, é o lugar onde recebe o altar do sacrifício, sendo assim  todo o conjunto onde o presbítero preside toda a celebração, ele é constituído de ambão, altar, sédia, cruz processional, e credência; o altar é o centro, mesa da qual o Sacrifício Pascal acontece nos remetendo ao conceito de extensão do mistério; a cruz processional  pode estar pendente sobre o altar ou a frente do mesmo nos remetendo a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado; os castiçais poderão estar a direita e a esquerda da cruz processional;  as flores apenas deverão estar somente o necessário, vale lembrar que o mínimo se faz agradável e singelo, a mesma poderá estar ao pé da cruz processional dependendo das orientações do tempo litúrgico vigente; as velas simbolizam a luz do Cristo, Sol das nações, representando a sua presença misteriosa, devem ser discretas a fim de corresponderem a uma extensão do Círio Pascal; o Círio Pascal, representa a presença do Cristo Ressuscitado que preferencialmente poderá ficar durante o período pascal em frente ao ambão; o ambão, deve-se a mesma precedência do altar pois é lugar de onde se proclama a Boa Nova, parte fundamental que precede da Liturgia Eucarística, este deve ser constituído do mesmo material do altar a fim de lhe conferir a mesma importância; a sédia, é lugar de onde o presidente da celebração exerce sua autoridade  do magistério da Igreja, é parte integrante da primeira parte da missa, liturgia da palavra; o  tabernáculo, é o  local onde se guardam as reservas eucarísticas, peça esta que deve ser de material durável e digno lhe permitindo segurança, o mesmo deve se possível estar em uma capela destinada propriamente a oração pessoal com Jesus ; a Credencia, mesa adicional, suporte , base para auxiliar na disposição dos objetos litúrgicos a serem utilizados na Santa Missa; o  evangeliário, livro que contém todos os santos evangelhos que são proclamados durante as Santas Missas, vale lembrar que não é a Bíblia, é apenas Parte dela; os Vasos Sagrados, são os utensílios utilizados nas Santas Missas tais como, cibório ou âmbula, galhetas, Cálice e Patena;  a capela do Santíssimo, lugar de oração pessoal com Jesus, onde o Santíssimo Sacramento deve estar condicionado no Tabernáculo; o batistério, é o espaço onde  poderá ser aparte, podendo até ser um capela, sua localização poderá ser no átrio da Igreja nos remetendo  de que o Batismo é o Sacramento de porta de entrada, se for um espaço a parte deve comportar uma pequena platéia para o que o rito possa ser acompanhado. Em síntese estes deverão ser os componentes para que o espaço sagrado seja constituído a fim de elevar os fies ao contagio da graça divina.
Conhecendo seus significados fica claro perceber a representatividade transcendental do qual estamos tratando, pois quando nos voltamos a este assunto nos cabe esmiuçar todos suas denominações para que possamos elaborar um espaço que transcendam as pessoas que ali estiverem. Para que isso seja possível precisamos aliar  aspectos materiais que nos permitam instigar as pessoas juntamente com a liturgia a se sentirem empiricamente a presença do Deus invisível, mas que se faz perceptível aos nossos sentidos. Precisamos ser cautelosos quanto à concepção destes espaços, devemos trabalhar com sobriedade a fim de enaltecer o que de fato dever ser o foco principal, Deus. Quanto mais sóbrios forem os espaços mais objetivos eles serão a fim de conduzirmos ao Mistério do qual acontece neste lugar epifânico (manifestação) do Criador.
Em suma vale ressaltar que se tratando do espaço sagrado devemos convergir todo o foco a Deus, este que é protagonista de toda a epifânia ocorrida neste ambiente, precisamos enfatizar sua presença por meio de atributos materiais em conjunto com a liturgia que nos proporcionem uma experiência teofânica (manifestação sensível da glória de Deus).

REFERÊNCIA
PASTRO, C. O guia do espaço sagrado. São Paulo. Edições Loyola, 2007.
PASTRO, C. O deus da beleza. São Paulo. Paulinas, 2008.

Jorge Armando Pereira, é candidato ao sacerdócio pela Arquidiocese Sant' Ana de Botucatu, aluno do 1o. Ano do Curso de Filosofia da Faculdade João Paulo II em Marília - SP

Celebrar 40 anos de TLC...

Ao celebrar quarenta anos, TLC continua caminhando para chegar sempre mais alto!
Parece que foi ontem! Mas quarenta anos se passaram...

Em maio de 1971, a juventude de Botucatu resolveu seguir uma estrela! Nascia
assim o TLC, movimento da Igreja Católica que visava transformar a sociedade por meio dos jovens que necessitavam de uma finalidade e melhor opção de suas vidas.  Tal qual o Filho pródigo, muita gente voltou pra casa a partir do TLC. E todos foram recebidos de braços abertos. O que falar de um movimento que faz parte do filme da vida de tantas pessoas que encontraram, na religiosidade e em Jesus Cristo, o sentido da própria vida?

Que força é essa que ano após ano cresce e se mantém atual em um
mundo que muda constantemente? Que sentimento é esse que, amparado na busca
da verdade
, cresce como semente no coração do povo de deus?
Na Arquidiocese de Botucatu, já são mais de 15.000 pessoas que passaram pelo movimento, cada uma com sua personalidade, mas unidas em um único ideal, e com a certeza de que, sem Jesus, nada podeis fazer.

Ex presidentes destes 40 Anos
Somos os apóstolos de calça jeans, procurando a santidade sem deixar de ser
jovens, preocupados com o mundo e com o que fizemos e faremos por Cristo.
Iluminando os jovens por meio dos sacramentos, o TLC brilha como uma pérola
nos olhos dos filhos de Deus que, preenchidos do dom de Deus e acolhidos por Maria, com sua fé e graça, se propõem a escolhas que conduzem à verdadeira felicidade.
Com sua vivência familiar, músicas, sorrisos e convicções, o movimento
completa quarenta anos! E, desde o início, tudo estava previsto!!! Por Deus ...
Fazemos hoje parte de um plano de amor, de um sonho divino, de uma caminhada rumo à conquista das alturas. Acreditamos, com humildade, que um dia ainda, vamos brincar, todos juntos, como crianças num pedacinho do céu.
Esse é só o começo... Continuaremos caminhando e buscando levar o nome de Jesus sempre mais alto!
* por Joel Nogueira (texto elaborado com base nos temas das palestras do curso de TLC na Arquidiocese de Botucatu)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Trezena e festa em Louvor a Santo Antônio em Botucatu

Setor São Cristovão e Santa Edwiges em Botucatu, realiza Festa Junina

“Qual a importância do Cristianismo nos tempos atuais?”


por Athila José Tintino - discente de Filosofia pela FAJOPA (Faculdade João Paulo II)

Hoje em dia, percebe-se que muitas pessoas estão abandonando as religiões, e de modo especial as religiões cristãs, o catolicismo, por exemplo, por não encontrarem nelas as respostas aos anseios que suas culturas, principalmente aquelas que podem ser chamadas de intelectualizadas, como é o caso da cultura européia, lhe apresentam. Isto porque a aceitação de “um puro transcendente” se torna inviável quando a ciência, a economia, a filosofia e outras áreas da pesquisa conseguem explicar que, por exemplo, a riqueza e a pobreza não são provindas da benção ou da maldição de um Deus, ou, que as pestes não podem ser tomadas como um simples castigo, imposto por um Deus punidor, etc.

No entanto, diante da situação dita acima, não podemos simplesmente dizer que aqueles que não aceitam a “pura transcendência” não acreditam em Deus, pois, ao se depararem com as questões fundamentais da existência: de onde vim e para onde vou?, estes são quase que obrigados, a não ser por parte dos ateus convictos, a admitirem a intervenção de uma “mão criadora” que faz com que tudo possa vir à existência. Nesse ponto, o ateu Jean-Paul Sartre, numa entrevista a Simone de Beauvoir, diria que por mais que ele tenha negado a existência de Deus durante toda a sua vida, por ser esta uma idéia contraditória em si mesma, a idéia de “uma mão criadora” sempre o incomodou. Pode-se negar a existência de Deus, mas, desvincular-se da idéia de que é necessária sua participação no processo da criação é uma tarefa difícil e que, até então, vem mexendo com muitos pesquisadores, sobretudo no campo filosófico-teológico.

Diante disso, podemos considerar alguns pontos: a) as pessoas estão deixando de freqüentar os templos e as reuniões sagradas; b) sem, no entanto, perder a fé num Deus que, de certa forma, atua em sua vida. Trazendo essa realidade para o âmbito do cristianismo, tomando com especificidade a Igreja Católica Apostólica Romana, poderíamos dizer que esta não vem sendo vista como um vínculo entre Deus e sua Palavra-Encarnada com o povo. As pessoas, no mais das vezes, preferem “conversar com Deus” dentro do quarto, do que inseridas numa comunidade confessional, pois, “não se sentem bem lá” – este não “sentir-se bem” pode ser encarado de muitas maneiras: (1) uma pessoa anti-social, que não gosta de se “misturar” com outras pessoas; (2) a falta de tempo que o ativismo vem impondo aos indivíduos, impossibilitando a sua participação em afazeres de cunho religioso; no entanto, e na maioria das vezes, as pessoas não freqüentam tais grupos porque não vêem neles uma vivência daquilo que é dito nos Evangelhos, isto é, falta testemunho.

É necessário, portanto, que a Igreja reconheça a autonomia de seus membros e permita que a Palavra seja a grande mediadora do “parto” de fé e vida autenticamente cristãs de seus participadores. Andrés Torres Queiruga, em seu livro Fim do cristianismo pré-moderno, afirmará que será necessária uma coerência entre Palavra revelada e subjetividade, pois, caso contrário, pode-se apostar que o cristianismo continuará fadado à incoerência, não respondendo às questões postas pela atualidade, tendo em vista a autonomia que esta já alcançou até então. É necessário dar respostas à modernidade, é necessário que a Palavra se encarne hoje no meio da história, e não seja compreendida fora desse contexto. É necessário dar razões de uma esperança cristã, hoje, em meio a todos os apelos que a modernidade nos apresenta.

A Igreja será feliz quando recordar que seu real papel é realizar a interpretação dos sinais dos tempos para que o Evangelho de Jesus, o Cristo, “não morra em nossas mãos”. Assim como João Batista, o profeta que prepara os caminhos do Senhor, o cristianismo tem o dever de içar sua bandeira, na defesa dos valores cristãos, gritando sozinha, em meio ao deserto que a modernidade pretende criar, que acima de tudo está a dignidade da pessoa humana, local da resplandecência da face de Deus, afim de que “todos tenham vida, e vida em abundância (cf. Jo 10, 10)”.

Deve-se parar de semear uma fé de infante, de que tudo cai do céu, é necessário vivenciar uma fé arraigada no exemplo vivo de Jesus, o Nazareno, o Cristo. Viver a acolhida, o amor, o perdão, a comunhão, a participação, o entrosamento, para que o Evangelho, a proposta do Cristo, não seja um sonho, mas uma realidade atualizada, viva e eficaz.

A Igreja não é detentora da verdade absoluta, ela não é detentora do Evangelho, ela não é detentora do Cristo. Portanto, ela tem que assumir o seu legítimo papel de servidora da Verdade, servidora do Evangelho e servidora do Cristo através da vivência e estrutura interno-doutrinal, desta forma, a importância do cristianismo será reconhecida, mas, caso contrário, não passaremos de traidores do Cristo.

Concluindo, a importância do cristianismo hoje é justamente, como em tempos de outrora: ser fiel anunciador do Cristo por meio da vivência, do testemunho e da prática da fé, sem, para isso, perder suas características rituais, mas fazendo, também delas, meios de se assumir com mais concretude a proposta do Cristo. A esperança que Jesus tinha em seus seguidores era que eles “fossem pelo mundo e fizesse discípulos dele todos os povos (cf. Mt 28, 19)”. Logo, o cristianismo só terá importância, hoje, se viver, de fato, a esperança do seu grande instituidor, sem maculá-la com outras ideologias vinculadas a poder e status.

A Igreja deve cumprir sua missão seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes (cf. Mt 9, 35-36). Ele, sendo o Senhor, se fez servidor e obediente até a morte de cruz (cf. Fl 2,8); sendo rico, escolheu ser pobre por nós (cf. 2 Cor 8, 9) ensinando-nos o caminho de nossa vocação de discípulos e missionários. No Evangelho aprendemos a sublime missão de ser pobres seguindo a Jesus pobre (cf. Lc 6, 20; 9, 58), e de anunciar o Evangelho da paz sem bolsa ou alforje, sem colocar nossa esperança no dinheiro nem no poder deste mundo (cf. Lc 10, 4ss). Na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho (DA, 2007, parágrafo 31, p. 25).

 
REFERÊRENCIA BIBLIOGRÁFICA

BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulinas, 1981.
DOCUMENTO DE APARECIDA. São Paulo: Paulus, 2007.
QUEIRUGA, A. T. Fim do cristianismo pré-moderno. São Paulo: Paulus, 2003.

A defesa da vida em Tomás de Aquino


A preservação da vida desde a sua concepção até o seu natural declínio
Trabalho apresentado pelo discente João Paulo Góes Sillio na disciplina História da Filosofia Medieval orientado pelo Prof. MS. Orion Ferreira pela Faculdade João Paulo II em Marília - SP
Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo, instigar o leitor a uma reflexão acerca da problemática da dignidade da vida humana, desde sua concepção até seu natural declínio. Abominando assim, a pratica do aborto e da manipulação indevida de embriões, os quais já são pela concepção ou fertilização, uma vida, um individuo. Este artigo usa-se na sua composição, da figura de Aristóteles que apresentará sua tese sobre a geração do homem; contará com a presença de Tomás de Aquino, o qual reinterpretará as questões aristotélicas por um viés cristão. Terá a participação do medievalista, Paulo Faitanin, que ajudará a compreender melhor as teorias tomistas. Também participam desta discussão um biólogo italiano, Giovanni Russo e um Teólogo franciscano, Frei Nilo Agostini.
A discussão acerca da dignidade da vida humana, bem como sua inviolabilidade, e também problemática do aborto tem tomado proporções tamanhas que não podem ser colocadas à margem da sociedade,  e muito menos ser considerada uma simples questão de saúde publica.
Palavras-chaves: reflexão, dignidade da vida humana, concepção, inviolabilidade, aborto.
Abstract
This paper aims, urging the reader to a reflection on the issue of the dignity of human life from conception until natural death. Loathing so, the practice of abortion and undue manipulation of embryos, which are already the conception or fertilization, a life, an individual. This article is used in its composition, the figure of Aristotle, who will present his thesis on the creation of man, will be attended Thomas Aquinas, which reinterpret the Aristotelian issues by a Christian bias. Is the participation of the medievalist Paul Faitanin, which will help better understand the Thomist theories. Also participating in this thread an Italian biologist, Giovanni Russo and a Franciscan theologian, Father Nile Agostini.
The discussion about the dignity of human life and its inviolability, and also the issue of abortion has taken such large proportions that can not be pushed to the margins of society, much less be considered a simple matter of public health.
Keywords: reflection, dignity of human life, design, inviolability, abortion


Introdução:
Na sociedade atual, estão em voga questões vitais, morais e filosóficas, as quais se correlacionam entre si; a primeira se liga à segunda, que por sua vez se relaciona com a terceira, fechando a tríade ao relacionar-se com a primeira. Nesse sentido, a questão vital é a inviolabilidade da Vida humana, a qual é defendida pela ética-moral onde se ressalta seu valor e dignidade. Por fim, a filosofia viria dar um suporte, no que tange à reflexão acerca da problemática primeira, a vida, pois questionar-se a respeito dela é antes de tudo admitir que ela é de fato, de suma importância. Hoje, se morre de muitas maneiras; devido às drogas;  de AIDS; se morre de câncer; de inúmeras doenças; de idade avançada. Mas, se morre até mesmo antes de nascer, porque há alguns que se arrogam no direito de decidir-se sobre a vida humana; a qual é dotada de sacralidade, pois é dom de Deus.
  Diante disso, o presente artigo tem por objetivo levar o leitor a um questionamento profundo acerca da vida humana, sua inviolabilidade, sua manutenção e preservação, a partir de sua concepção até seu natural declínio. Para tanto, faz-se necessário recorrer a dois grandes expoentes da historia da filosofia, um da antiguidade e outro da idade média, Aristóteles e Santo Tomás de Aquino respectivamente. O Primeiro, dentro de sua teoria biológica defenderá e geração do homem. Já o Angélico reinterpretará as concepções aristotélicas, dando um entendimento pleno e cabível daquilo que outrora foram ditas pelo Estagirita.
A metodologia para elaboração deste trabalho é a seguinte: primeiramente, será apresentada a teoria aristotélica da geração dos homens, fazendo-se uso de sua Metafísica; em seguida, Tomás de Aquino reinterpretará esse conceito, depois, definirá o que é animação. Em segundo lugar, o Angélico defenderá a teoria da animação simultânea, a qual daria conta de explicar o principio da vida no corpo. Por fim, o terceiro passo, onde se corroborará a tese tomista do principio da vida no corpo por um viés biológico e sua defesa fazendo uso da ética. Assim, a vida humana deve ser defendida desde sua concepção até seu natural declínio. Portanto, qualquer interferência deliberada e premeditada neste processo de dupla causalidade, isto é, humana (natural) e divina é considerado uma abominação, pois fere o principio de que a vida humana é inviolável, inalienável e incomparável. Portanto, faz-se necessário refletir acerca disso e quebrar com este conceito de uma cultura de permissividade e de morte.
CAPITULO 1: GERAÇÃO EM ARISTOTELES E SUA INTERPRETAÇÃO POR TOMÁS DE AQUINO E ANIMAÇÃO PELA OTICA TOMISTA.
Neste primeiro capitulo, se abordará a temática da geração do homem pela ótica aristotélica, bem como sua interpretação por Tomás de Aquino. Será visto, ainda, a questão da animação, ou seja, o momento em que alma humana é infundida no corpo embrionário, dando origem à vida, pela ótica tomista..
1.1: Geração em Aristóteles:
A geração em Aristóteles se dá pelo movimento, o que possibilita afirmar que geração é movimento. Ele, em sua obra “Metafísica”, trabalha a questão defendendo que o movimento, ou seja, a geração sucede-se graças a interação entre os contrários. Esta mudança poderia ser absoluta ou relativa, como o próprio filósofo afirmou:

(...) a mudança de um não-sujeito para um sujeito que seja o seu contraditório é a geração (e se é mudança absoluta, então tem-se a geração absoluta; e se a mudança é particular, a geração é particular); a mudança de um sujeito a um não-sujeito é a corrupção (se a mudança é absoluta, a corrupção é absoluta e se é relativa, a corrupção é relativa) (...) (ARISTOTELES, Metafísica. pg. 531)

Padre Antonio Ilário Felici, doutor em teologia e mestre em filosofia, em seus estudos concernentes à obra do Filosofo em questão, elaborou uma apostila para melhor compreender seus escritos. Para que houvesse um entendimento mais claro acerca das palavras do Estagirita, Padre Ilário comentou:

“Estes significam as coisas nas quais aquilo que muda deve mudar primeiramente. Exemplo: mudando-se da mais alta corda (do instrumento) para a mais baixa através de gradações mínimas é necessário atingir primeiramente as cordas mínimas. No tocante às cores, se mudarmos do branco para o preto, iremos atingir o vermelho e o cinza antes de alcançarmos a cor preta. Todos os intermediários estão entre certos opostos, pois somente entre estes pode ocorrer a mudança por causa de sua própria natureza (ILÁRIO FELICI, Antonio. 2009)”

A afirmação que o religioso teceu sobre as palavras de Aristóteles em sua Metafísica possibilita identificar sem sombra de duvida, que o ato da geração é pleno movimento, o qual propicia a atualização do objeto. É necessário salientar que, para os gregos da antiguidade, não havia a noção de criação, haja vista que o próprio Aristóteles defendia a eternidade do mundo. Com base nessa concepção, pode se afirmar que no que tange ao homem, ele é gerado por meio da mudança dos contrários e a sua geração se dá da mesma forma que na dos outros seres, isto é, existe um movimento que proporciona o desenvolvimento de suas potencialidades biológicas. Aristóteles propunha ainda, no que tange a geração, que o ser era gerado a partir de outro ser que já era causa de si, o que permitiria haver um efeito, ou seja, outro fruto do ato de geração. Este conceito será reinterpretado por Tomás de Aquino, o que permitirá compreender melhor esta noção aristotélica.

1.1.1: Interpretação do conceito em Santo Tomás de Aquino:
Tomás de Aquino, presbítero e doutor da Igreja, reinterpreta as concepções aristotélicas, inovando as idéias do Filosofo e cristianiza os conceitos do mesmo. Como foi dito acima, os gregos, bem como Aristóteles não concebiam a criação como origem das coisas, mas sim, a eternidade das coisas, seu constante devir, seu movimento, sua atualização. Já o grande expoente da Filosofia medieval, Tomás de Aquino defendia a existência e atuação de um Ser causa de si mesmo, origem e fim de todas as coisas, isto é, Deus.
Entretanto, faz-se mister afirmar que para Tomás de Aquino a geração existe como afirmara outrora Aristóteles no concernente à geração de um ser mediante a existência de outrem que seria sua causa. Mas é importante esclarecer de imediato, que, na geração do primeiro homem não houve geração e sim, Criação. O Angélico afirmou:

Deve-se afirmar que a primeira formação do corpo humano não podia ser realizada por uma potencia criada, mas devia sê-lo imediatamente por Deus. Na verdade, alguns sustentaram que as formas contidas na matéria corporal derivam de certas formas imateriais. O Filosofo, no livro VII da Metafísica, rejeita essa opinião porque não é às formas por si mesmas que cabe ser feitas, mas ao composto, como foi exposto acima; e que o agente deve ser semelhante ao que ele faz, não convém que uma forma pura, que existe sem matéria, produza uma forma que existe na matéria e que só é feita na medida em que o composto é feito. Por isso, é necessária uma forma existente na matéria que é causa da forma que existe na matéria, já que o composto é gerado por um composto. Em relação a Deus, embora ele seja absolutamente imaterial, contudo, é o único que por seu poder pode produzir a matéria por via de criação. Portanto, somente a ele pertence produzir uma forma na matéria sem o socorro de uma forma material anterior, razão pela qual os anjos não podem mudar os corpos para lhes dar uma forma, a não ser como sustenta Agostinho, empregando certas sementes. – Dado, portanto, que jamais fora formado o corpo humano por cujo poder outro corpo especificamente semelhante pudesse ser formado por via de geração, era necessário que o primeiro corpo fosse formado primeiramente por Deus (S.Theo, vol.2 q.91, a2.R)

Como foi visto, para que houvesse a geração posterior dos outros homens, foi necessária a criação do primeiro, o qual teria sua causa primeira em Deus. A partir do primeiro homem, houve então a geração dos demais. Nesse sentido, Tomás de Aquino deu um importante passo para sua época, o qual possibilitou à sociedade de seu tempo e posteriormente a que lhe sucederia enxergar a geração do homem, isto é, sua concepção, mediante um olhar filosófico-teológico, bem como pelas vias biológicas.
O Angélico, mediante o ato da criação do primeiro homem defende a idéia de que sua concepção, ou seja, sua geração se dá mediante uma dupla causalidade, como explicará Paulo Faitanin mais adiante, explicação esta que permitirá reinterpretar a causalidade aristotélica na ótica de Tomás de Aquino.
Como já foi dito, Aristóteles propôs a existência de uma causa que daria origem a um efeito, mas para que isso acontecesse seria necessário o movimento, a atualização constante da matéria que aconteceria devido  a mudança do não-ser para o ser, isto é a geração. Da mesma forma defendeu Tomás de Aquino, o qual afirmou que um ser é gerado por outro. Entretanto, este “outro” não seria causa de si, mas efeito de Algo que seria causa de si, Deus. Assim se explica essa causalidade aristotélica, que foi reinterpretada pela ótica tomista. Nesse sentido, é correto afirmar que a partir da criação do primeiro homem, foi possível que houvesse a continuidade da espécie humana mediante a geração dos demais homens, a qual se dava por meio de dupla causalidade, que seria a causalidade natural e causalidade divina, como afirmou Faitanin:

A geração humana é um processo sucessivo e complexo, pois, depende de dupla causalidade. Com relação à formação do corpo e ao desenvolvimento da vida nutritiva e sensitiva do embrião, ela depende previamente da causalidade natural, mediante a disposição sucessiva da matéria herdada dos pais no útero materno. Pode-se sustentar que os princípios materiais que estabelecerão o corpo embrionário antecedem temporalmente [com relação à ordem do tempo], à criação e infusão da alma no próprio corpo, mas, a criação da alma e sua infusão no corpo embrionário não antecedem à própria disposição do corpo do embrião, pois seria isso absurdo; nem mesmo poderia ter sido criada depois de completamente disposto e formado organicamente o corpo embrionário, pois a disposição deste não é condição ou o que determina a criação da alma por Deus. Com relação à vida intelectiva que possui como perfeição as funções nutritivas e sensitivas ela depende da Causalidade Eficiente Sobrenatural Divina, mediante ato de Sabedoria, Bondade e Amor, manifestos, em sua Suprema Vontade, na criação da alma espiritual e em sua Suprema Providência na infusão dela no corpo, causando-lhe o ser e a vida pela animação. Portanto, a criação e a infusão da alma no embrião dependem exclusivamente de Deus enquanto é a Causa Primeira de sua origem (FAITANIN, Paulo. 2005).


O que Faitanin propõe é que esta dupla causalidade se dá da seguinte forma: a natural acontece após a relação sexual entre o homem e a mulher, onde os gametas masculinos e femininos (espermatozóide e ovulo, respectivamente) se encontram, fundindo-se num corpúsculo. Esta causalidade se explica devido a junção dos materiais gaméticos. Nesse sentido, o embrião humano ou corpo embrionário é formado, ou é efeito do encontro dos fluidos genitais, os quais são a causa dessa união. Já a causalidade divina se entenderia da seguinte forma, Deus é o primeiro agente, a causa eficiente de tudo que existe e sua imensa bondade, sabedoria e amor permitiria ao embrião a capacidade de nutrição e sensação. Com isso, se faz mister afirmar sem sobra de duvida, que o embrião é um ser vivo, pois após o encontro dos materiais sexuais, espermatozóide e ovulo, tem-se a fecundação, onde, nesse preciso momento Deus na sua infinita bondade e potência concede que aquele corpo embrionário seja capaz de nutrir-se e possuir a capacidade de sentir, mediante infusão da alma.
 Eis a causalidade Divina. Como conseqüência desse acontecimento, o embrião que já é um ser desde a concepção, isto é, a fecundação do ovulo pelo espermatozóide, pode desenvolver-se, no processo da geração que é sucessivo no que tange às disponibilidades do tempo, ou seja, o período dos nove meses de gestação.

1.1.1.1: Animação em Tomás de Aquino.
Dentro da perspectiva tomista, a qual é a original interpretação do conceito aristotélico, como pode alguém duvidar ou mesmo rejeitar a existência da vida no corpo embrionário, se é ou não um individuo que está ali sendo formado, mediante esta realidade da dupla causalidade? Ora, é notório que durante os nove meses de gestação ocorrem mudanças constatáveis e significativas, onde o embrião vai tomando forma de um feto. Se há essa mudança, há uma atualização; se existe essa atualização, existe movimento. Logo, tem-se a geração mediante o movimento:

A geração humana é um processo no qual há que se considerar um início e um fim. Portanto, a geração humana é um processo. No início deste processo, justamente no instante posterior à mescla da matéria herdada dos progenitores, no ventre materno [sêmen e óvulo], forma-se o embrião. O embrião é o resultado desta mescla que se realiza no ventre materno, onde se dispõe a matéria. Simultâneo a este instante da formação do corpo do embrião, ocorre a concepção , conhecida atualmente como  fecundação  ou  fertilização que é, no contexto tomista, o princípio da infusão da alma e spiritual no corpo, conhecido e identificado como  teoria da animação . Sob esta ótica, caberia aplicar à concepção de cada indivíduo da natureza humana, ou seja, à concepção da pessoa humana, a TASi, pelo menos, como nos parece ensinar TA, no que se refere à disposição do corpo.

 Mas só existe o movimento, porque existe uma Alma infusa por um Ser causa-de-si; causa do primeiro e dos demais homens: Deus. Esta alma soprada no momento da concepção anima, movimenta, atualiza; Gera o homem.

CAPITULO 2: TEORIA DA ANIMAÇÃO SIMULTÂNEA E SUA APLICAÇÃO À CONCEPÇÃO E GERAÇAO DOS DEMAIS HOMENS.

No capitulo anterior, constatou-se que o embrião humano a partir do momento de sua concepção, isto é, da união dos materiais gaméticos masculinos e femininos, no caso, o espermatozóide e o óvulo, tem-se o principio de infusão da alma no corpo, o que Tomás de Aquino chamou de animação.
Neste capitulo, porém, será vista a Teoria da Animação simultanea diz respeito  a disposição do corpo embrionário no ato da concepção. Por conseguinte, será exposto a aplicação desta teoria à geração concepção humana, como sendo este principio o responsável pelo inicio da vida do homem.  
2.1: Teoria da Animação Simultânea – T.a.si:
A Teoria da Animação simultânea foi concebida pelo papa Leão Magno e por João Damasceno para explicar a encarnação da pessoa de Cristo, o verbo de Deus. Tomás de Aquino assimila para si a definição dos padres acima, os quais defendiam que animação de Jesus Cristo, verbo do Pai, se deu no exato momento de sua concepção. Maria, ao ouvir a saudação e anuncio do Arcanjo Gabriel deu o seu consentimento para que a pessoa de Cristo fosse gerada no ventre maternal. Gerado, não criado, como atesta o símbolo niceno-constantinopolitano. Afirma o Angélico:

Para a concepção ser atribuída ao Filho de Deus, como confessamos no símbolo – Que foi concebido do Espírito Santo, devemos necessariamente admitir que o corpo de Cristo, ao ser concebido, foi assumido pelo verbo de Deus. Ora, como já demonstramos, o verbo de Deus assumiu o corpo mediante a alma; e a alma, mediante o espírito, isto é, o intelecto. Por onde e necessariamente, desde o primeiro instante da sua concepção o corpo de Cristo, foi animado da alma racional (AQUINO, Tomás. S.Theo, q.33, a.2, R).


O verbo de Deus assume a carne, a natureza humana pela sua alma, com isso diz-se sem sombra de duvida que ao ser seu corpo concebido sem um momento anterior  e posterior, foi instantaneamente animado.
2.1.1: Aplicação da Teoria da Animação simultânea aos demais homens.
Como já foi explicada, a animação simultânea é aquela em que Cristo Jesus, no momento de sua concepção e encarnação, ou seja, a geração de seu corpo por ação do Espírito Santo imediatamente após o sim de Maria, foi ao mesmo tempo animado, isto é, houve a infusão da alma no corpo embrionário.
A presente teoria, Tomás de Aquino aplica aos demais homens mediante a disposição do corpo embrionário. Em outras palavras, tendo ocorrido a fecundação do ovulo pelo espermatozóide dá-se a concepção humana pela união destes, devido a causalidade natural; nesse exato momento a causalidade Divina assume seu papel como causa primeira deste processo, animando  o embrião. Para corroborar a idéia proposta, Faitanin defende:

Pode significar simplesmente o  fato  imediato da união, composição ou conflagração da matéria do embrião no útero materno, enquanto resultado da união da matéria transmitida pelo esperma do macho e pela matéria subministrada pela fêmea, não acenando que tal conflagração fosse já a disposição completa e perfeita dos órgãos e dos tecidos no corpo embrionário ou que fosse condição para o  recebimento da alma intelectiva, que somente é criada e  infundida por Deus; e nem acenando que e s ta infusão somente  fosse possível  por volta ou do 40º dia o u do 90º, depois de    ter sido dada a união ou composição ou assentamento da matéria, transmitida pelos progenitores, no útero materno. Este significado não supõe que a geração do homem seja simultânea, senão somente a sua animação, pois a geração é sucessiva, embora a criação e a infusão da alma intelectiva no corpo seja simultânea à própria disposição do corpo, já que a sua disposição coincide, num mesmo  instante, com o princípio  em que a alma intelectiva foi criada e infundida no corpo, justamente no último instante da geração da matéria do corpo do embrião; que é própria disposição do corpo, não havendo, pois, senão um único e mesmo  instante em que se realizam estas duas operações: infusão da alma e disposição do corpo. Este significado  também está inserido no contexto em que há comparação entre a concepção de Cristo e a dos demais homens, mas ao  invés de afirmar as diferenças, afirma-se a semelhança entre ambas quanto à ordem da disposição do corpo,com  relação  à  simultaneidade  da  infusão  da  alma  intelectiva  com  a  da conflagração da matéria (FAITANIN, Paulo. 2005)
Assim, com relação ao significado da disposição do corpo, supõe-se a adoção e a aplicação da Teoria da Animação Simultânea,  tanto  para a concepção  de Cristo, quanto  à dos demais homens. Nesse sentido, Tomás de Aquino adota aqui a presente teoria para Cristo e para os homens, levando em consideração o que há de comum entre a concepção de ambos, ou seja, a disposição do corpo.
Entretanto, se faz necessário deixar claro uma coisa acerca da unidade da alma com o corpo, desde sua criação; é pela mesma que o homem vive, sente e entende, capacitando suas virtudes no  corpo,  de acordo com  um processo  que vai do  imperfeito  ao mais perfeito  em virtude, isto é, da capacidade vegetativa à intelectiva, passando pela sensitiva. Para mostrar que o embrião possui uma sensibilidade, tem necessidade de nutrição como mais adiante será constatada sua necessidade de ser amamentado e cuidado, para que possa desenvolver suas potencialidades mentais, exercitando sua racionalidade. Por isso Tomás de Aquino defende que a alma preexiste no embrião, a princípio nutritiva, porém depois sensitiva e  por fim  intelectiva. E que fique bem claro: ele não afirma que são três as almas preexistentes no embrião nas diferentes etapas, mas uma mesma e única alma manifestando-se no embrião, segundo a necessidade, em graus e etapas diferentes.

CAPITULO 3: A VIDA HUMANA MEDIANTE UMA CULTURA BIOLÓGICA E ÉTICA.

 Os capítulos anteriores trataram acerca da geração do homem por Aristóteles, bem como sua interpretação mediante a ótica de Tomás de Aquino; tratou-se, ainda, da problemática da animação e, por fim, da Teoria da Animação Simultânea postulada pelo Doutor Angélico. Assim, tratou-se da problemática do principio da Vida humana por um viés aristotélico-tomista, isto é, filosófico.
Neste ultimo capitulo, tratar-se-á a questão da inviolabilidade da vida humana, numa perspectiva biológica, ética a fim de conscientizar o homem acerca de sua defesa desde a concepção até o seu natural declínio. Em outras palavras, visa-se nesse capitulo, corroborar toda a teoria tomista exposta acima; teoria esta, que vem se postar contra a prática do aborto, o qual engloba também, a manipulação genética, isto é, a manipulação dos embriões fecundados in vitro, os quais são eliminados, no sentido pleno da palavra, ou mesmo sujeitos às pesquisas com as células advindas destes, as quais recebem da ciência o nome de células-tronco embrionárias, ou células totipotentes.
Tais organismos celulares possuem a capacidade de se transformarem em qualquer tecido celular, muscular ou orgânico. É necessário, entretanto, fazer uma ressalva muito importante, este aglomerado de células não é apenas um conjunto celular que se pode ser usado ao bel-prazer, quando se bem entende, mas sim, sem sombra de duvidas, é um ser humano, um homem já individuado, isto é, uma vida. Nesse sentido, então, faz-se necessário corroborar aqueles argumentos tomistas exposto acima. A origem da vida.

3.1: Principio da vida humana por um viés biológico.
Faz-se necessário pontuar o inicio da vida humana, estabelecendo seu principio, sua origem. Segundo a ótica biológica ou genética, afirma-se que a procriação é um processo evolutivo constante, o qual tem inicio na decorrência do encontro dos gametas, espermatozóide e óvulo, dando continuidade com a fecundação, em seguida a primeira divisão celular, passando posteriormente para a formação dos tecidos e órgãos, o que constituiria o ser em sua plenitude, isto é, seu ser completo. Neste processo gestatório ou evolutivo tem-se a fase do zigoto, que se dá logo após o encontro dos materiais genéticos, formando o ovo, ou, a célula reprodutora resultante desta união, o zigoto; em seguida este zigoto (ovo) segmenta-se, originando um conjunto celular, denominando-se esta fase, mórula; em seguida, dá-se a fase do blastócito, que se tem a célula embrionária não diferenciada; posteriormente, tem-se o embrião, o qual é o estágio de desenvolvimento que vai até o terceiro mês de gestação. Por fim, ao quarto mês de gestação, ocorre o aparecimento do feto, onde neste estágio, tem-se o desenvolvimento de forma mais lenta e a placenta está totalmente formada, percebendo-se os movimentos da criança e os batimentos cardíacos. Diante disso, vale afirmar que biologicamente o individuo humano é considerado seu corpo, logo, ele começa a existir quando tem inicio seu corpo. Com isso, a pergunta pela qual se deve buscar uma resposta é, quando se tem origem o corpo? Responde, então, o biólogo Giovanni Russo:

“É evidente que o individuo humano é, biologicamente considerado, o seu corpo. Por isso, começa a existir quando tem inicio seu corpo. A primeira pergunta, então, para a qual se deve procurar uma resposta, é: quando teve inicio o meu corpo? “ A esta pergunta, a biologia pode dar uma resposta fundamental. Com efeito, se se procura este momento do ponto de vista fenomenológico de forma retrospectiva – isto é, percorrendo para trás o caminho biológico feito a partir do momento em que faço a pergunta até quando apareceu neste ultimo verso a minha corporeidade – e se leva em consideração a lei inderrogavel da formação gradual do organismo adquirida hoje pela ciência, surge espontânea a afirmação: o meu corpo iniciou no momento da fusão dos gametas, um do meu pai e outro da minha mãe de quem sou filho. Esta observação elementar,se assim quisermos, cosntitui um fato aceito em sua verdade desde sempre, mesmo quando nada se conhecia de embriologia e dos mecanismos da formação de um novo ser humano”(RUSSO, Giovanni. 1997).

Diante do que foi dito por Russo, tem-se, então, um novo sistema, o qual não é uma simples soma dos dois subsistemas, ou seja, os gametas masculinos e femininos, mas sim um novo sistema que começa a operar como uma nova unidade, verdadeiramente determinada e orientada à sua forma terminal. Isso mediante a interação de dois sistemas celulares diferentes entre si.
Nesse sentido, pode-se afirmar sem sombra de duvidas que o aborto é um mal, pois se trata da interrupção da vida, um processo biológico no sentido pleno da palavra; é ainda um desvalor da pessoa humana, mesmo porque o conceito de pessoa humana entendido como realidade que tem uma consciência ontológica se esvai, e mesma é reduzida a um momento do social que lhe determina o valor, ou a soma dos estados psicológicos, ou ao conjunto de suas relações sociais. A nível de conhecimento, o papel da racionalidade é diminuído a um segundo plano, como faculdade típica do ser, para corroborar a prioridade do querer como o fator decisório acerca do que é verdadeiro ou falso, bem ou mal.

3.1.1: A vida humana nos olhares da Ética:
Primeiramente, é importante esclarecer o que significa esse conceito. A palavra ética vem do grego, ethos, a qual se traduz segundo Aristóteles, como sendo a justa medida, ou seja, o equilíbrio e isto seria uma virtude da vida em sociedade, onde não poderia ocorrer em sei meio nenhum tipo de excesso, muito menos em falta. Era necessária a presença de um equilíbrio a fim de não causar algum mal no homem  e no meio social.
Diante do que foi dito, a vida humana desde sua concepção até seu natural declínio, é amparada pela ética e, ainda, goza de três características fundamentais: é inviolável, inalienável e incomparável. Assim, a vida se torna, dentro da ética, o equilíbrio, a justa medida que deve ser tida como dínamos da sociedade atual.
Frei Nilo Agostini, doutor em teologia moral, em seu livro “Teologia Moral, O que você precisa saber (Vozes, 1997)”, discorre sobre a problemática do valor ético da vida humana:

“Hoje, a busca de uma fundamentação sólida passa pela identificação do valor ético da vida humana. Isto segue os seguintes passos: a-) a vida humana como valor “incomparável” e “inviolável”. Sobre este fundamento inalienável, são estabelecidas as bases dos valores éticos com os distintos níveis: nível ôntico: aqui somos reenviados ao que é o ser humano e sua origem, na sua própria essência, aquilo que marca o profundo do seu ser enquanto pessoa; nível ético: este é o momento da afirmação do ser humano enquanto ser de relação, capaz de reconhecimento do outro e de si próprio; é o momento distintivo da pessoa, capaz de alteridade (na igualdade, respeito, justiça, partilha etc.), sem romper com sua essência; nível axiológico: cabe explicar, neste nível, o que “é preciso”, apontar para o “dever e virtude”correspondentes, para os caminhos possíveis e/ou necessários para os valores (AGOSTINI, Nilo. 1997)


Nesse sentido, buscar o bem verdadeiro e integral da vida humana, é buscar o conteúdo de seu valor ético, ou seja, a dignidade e a vocação integral da pessoa humana, isto é, a alma e o corpo, nas suas inclinações tanto de ordem espiritual como biológica. Assim, o conteúdo do valor ético da vida humana abarca tanto os processos da procriação quanto aos meios de sobrevivência, fator este que levaria a acompanhar mais afinco a qualidade da mesma vida e os meios que levem a sua mais perfeita humanização.
Assim, a pressuposição principal é de que o aborto é seguramente um mal. Sob a ótica da ética é a privação de um direito inenarrável, a vida humana, a qual é inalienável, isto é, a própria sobrevivência. Mediante a psicologia, a realidade do aborto é vivenciada como um drama dilacerante, o qual rompe com a cadeia do equilíbrio pessoal, como casal e, principalmente, como família.
Infelizmente, do ponto de vista social o aborto ou é questão sanitária (de saúde publica), ou de direito civil, por parte das mulheres de autogerir sua própria maternidade, ou até mesmo e sem duvida, devido ao machismo da figura do pai, o qual agiu de forma irresponsável; ambos agem sem qualquer referencia ao respeito da vida humana, vida esta que foi despertada para a vida mediante o ato sexual deles. É triste, deplorável e degradante se deparar com uma realidade como esta, onde se usa de um bem, que é a sexualidade, simplesmente para uma auto-satisfação de ambos; o que culminará num mal sem medidas que é o aborto.







Conclusão:
O presente trabalho teve por objetivo levar o leitor a um questionamento profundo acerca da vida humana, sua inviolabilidade, sua manutenção e preservação a partir de sua concepção até seu natural declínio. Foram, pois, apresentadas as concepções aristotélicas, onde a primeira acerca da geração dos homens afirmava que ela se daria pelo movimento, o que possibilitou a afirmação de que geração entenderia por movimento. Viu-se a interpretação do conceito por Tomás de Aquino que postulou para a geração existiu como afirmara outrora Aristóteles Mas, que, na geração do primeiro homem não houve geração e sim, Criação; mais adiante, viu-se a animação ainda sob o ponto de vista do doutor angélico, a qual dava conta de explicar o principio da infusão da alma, que era criada por Deus, no corpo humano, na sua fase embrionária, o que permitiu constatar sem sombra de dúvida que o corpo embrionário é sim um individuo, uma vida.
Para corroborar esta tese, se fez uso do postulado de Santo Tomás sobre a animação do corpo embrionário de Cristo, a Teoria da Animação Simultânea, a qual dizia que desde a encarnação do Verbo de Deus, seu corpo foi animado simultaneamente ao momento em que se dispôs  o corpo embrionário, aplicando essa tese à concepção dos demais homens. Diante disso, valeu a afirmação de que a concepção dos demais homens foi semelhante a de Jesus Cristo, o que dignificou ainda mais a vida humana. E, por fim, constatou-se que aquilo que defendia Santo Tomás de Aquino era verdadeiro, pois no ultimo capitulo corroborou-se o postulado do Angélico pelo viés biológico, o que foi sustentado e defendido pela ética religiosa cristã, a qual condenou em gênero e grau a prática do aborto e da manipulação genética sem escrúpulos.
Agora, faz-se mister salientar que, sem uma mente aberta diante das teorias apresentadas a cerca da dignidade da vida humana, nada se poderá fazer. É necessario que se abra os olhos à realidade tão presente, ou seja, a realidade da presença da vida no embrião desde sua concepção até seu final; que interromper este processo é um homicídio que atenta contra o ser humano, bem como contra o próprio Deus, pois o homem é imagem e semelhança Dele, e ao feri-lo, fere seu Criador no sentido de interromper a Sua obra. Ao homem cabe, portanto, escolher a vida e não optar por uma cultura de morte.
Bibliografia
AGOSTINI, Nilo. Teologia Moral – O que você precisa saber e viver. Petrópolis, RJ. Vozes, 1997.
AQUINO, Tomás. Suma Teológica, volume II e III. São Paulo, Brasil. Edições Loyola, 2006.
ARISTOTELES. Metafísica –  Tradução de Giovanni Reale. São Paulo, Brasil. Edições Loyola, 2005.
RUSSO, Giovanni. Educar para a Bioética: pela escola, pela catequese, pela pastoral da juventude. Petrópolis, RJ. Vozes, 1997