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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Conheça a história da Abadia de Itatinga

Dom Luis Alberto, OCister conta para nós a história da Abadia Nossa Senhora da Assunção de Hardehausen em Itatinga.

História da Abadia
I. A Abadia de Hardehausen
A Abadia de hardehausen em 1803
        A história da Abadia de Hardehausen começa no dia 28 de maio de 1140, quando uma colônia de treze monges, como era o costume dos cistercienses, chefiada por seu abade Daniel, funda um novo mosteiro em terras doadas pelo bispo Bernardo de Paderborn, cidade importante  da Vestfália. Este bispo piedoso desejava ter, em sua diocese, uma abadia cisterciense e, por isso, pediu à Abadia de Kamp, situada na região de Colônia e primeiro mosteiro da Ordem fundado na Alemanha (1123), pertencente à filiação de Morimond, a quarta filha de Cister, que enviasse monges para a fundação.  O lugar escolhido chamava-se Herswitehusen, nome que depois evolui para Hardehausen e significava, segundo a explicação dos estudiosos, colônia da floresta vermelha ou da floresta do cavalo. Posteriormente, o bispo Bernardo dotou a Abadia de outros bens para assegurar sua manutenção. A fundação teve um rápido florescimento. Em 1165, a igreja abacial foi consagrada e dedicada a Sancta Maria Virgo Gloriosa. Era uma majestosa e ampla basílica românica de 58 metros de cumprimento por doze de largura, certamente um dos templos mais significativos deste estilo em sua região. As demais partes do convento foram concluídas até o final do século XIII. A Abadia de Hardehausen experimentou, desde então, um rápido crescimento tanto no seu efetivo humano quanto na extensão de seu patrimônio fundiário. Fundou logo três outras abadias, Marienfeld, na diocese de Münster, em 1185, Bredelar, na fronteira entre as dioceses de Colônia e Paderborn, em 1196  e Scharnebeck, na diocese de Verden/Aller, em 1243. Mais tarde, também, o priorado de Wahlhausen, na diocese de Mainz, esteve subordinado a Hardehausen. Em meados do século XIV, por dificuldades econômicas, o número de monges foi limitado a quarenta e o de irmãos conversos a trezentos, o que deixa supor que a comunidade monástica tenha tido um efetivo ainda maior nos períodos antecedentes. No plano patrimonial, Hardehausen tornou-se uma casa poderosa e um importante ponto de referência em toda região, com grandes extensões de terra e economia baseada na criação de porcos e carneiros. Com isso, recebeu a proteção do imperador, tornando-se um mosteiro imperial independente.  Seus abades eram verdadeiros e importantes senhores feudais, com direito de baixa justiça sobre diversas localidades que estavam sob seu domínio. Ainda que este tipo de desenvolvimento não estivesse de acordo com a primitiva legislação cisterciense, foi comum nos mosteiros da Ordem após o século XII. Todavia, como casa rica e poderosa, Hardehausen foi alvo, mais de uma vez, de pilhagens por parte de bandos armados durante a Idade Média. A partir do século XIV, inicia-se um longo e contínuo período de declínio, com a decadência material e da disciplina, alternada com períodos de florescimento e estabilidade. O século XIV conheceu uma grande catástrofe, a Peste Negra, que dizimou a população européia. Foi, também, uma época muito conturbada para a Igreja, com cismas divisões e o papado transferido para o sul da França. Evidentemente, a vida e a observância monásticas também foram afetadas por tais perturbações e, também aqui, Hardehausen não foi uma exceção. Da mesma forma, seu patrimônio ficou seriamente comprometido e a abadia começou a contrair dívidas. O período mais difícil de Hardehausen, na sua primeira fase, talvez tenha sido o da Reforma Protestante e das guerras de religião que a seguiram. Durante a Guerra dos Trinta Anos, que causou enormes danos na Alemanha, o mosteiro quase pereceu e os danos materiais foram  imensos. A comunidade, expulsa pelas tropas suecas, teve que vagar por um tempo fora de seu convento, refugiando-se em outras localidades. Quando puderam voltar, encontraram seu mosteiro devastado pela pilhagem e em ruínas. No fim das hostilidades, a comunidade estava reduzida a seis monges e dois noviços.  Contudo, os trabalhos de reconstrução logo começaram e tiveram seu coroamento sob o governo do abade Estêvão  Overgaer, homem de verdadeiro espírito religioso , que foi abade de 1675 a 1713, quando faleceu com 86 anos. Em seu abaciado, o mosteiro foi inteiramente renovado (e a igreja “barroquizada”) e a observância monástica recolocada num plano superior. A abadia sobreviveu, ainda, algumas décadas, até que foi supressa no dia 8 de fevereiro de 1803 pelo governo da Prússia, em cujo território encontrava-se então. A comunidade contava com cerca de vinte membros nesta oportunidade. Em seguida à secularização, o prédio do convento foi vendido, seus bens inventariados e expropriados. A grande basílica  românica, já barroquizada,  foi demolida, existindo, ainda  hoje, em outras igrejas da região, altares e outras peças de talha que a decoravam. Embora haja dúvidas a respeito, de acordo com as informações disponíveis, na primeira fase de sua existência, Hardehausen foi governada por cinqüenta e seis abades.
Vista atual da Abadia de Hardehausen
 Mais de um século depois, todavia, a Abadia de Hardehausen renasceu por iniciativa da Abadia de Mariensttat, que para lá enviou uma colônia de monges, no dia 28 de maio de 1927, chefiados pelo prior Afonso Heun. Este, com a rápida consolidação da casa, tornou-se seu qüinquagésimo sétimo abade em 1933. A comunidade assumiu, então, o trabalho de formação e educação de jovens, em particular daqueles com dificuldades de aprendizagem nas escolas comuns e desenvolveu este serviço até que esta atividade, em razão das normas e regulamentos  sufocantes e do estrito controle do regime nazista, não mais foi possível. Com dificuldades financeiras, sem meios para manter a comunidade e sofrendo pressão do governo, os monges foram obrigados a vender seu convento e deixar sua querida abadia no dia 1 de outubro de 1938. O bispo de Paderborn providenciou um refúgio para a comunidade na paróquia de Santa Agnes em Magdeburg, onde alguns de seus sacerdotes puderam exercer o ministério pastoral. Neste ínterim, D. Afonso Heun começou a procurar um lugar para reiniciar a vida regular da comunidade e buscou o estrangeiro, já que as condições então vigentes na Alemanha tornavam isso impossível. Veio, assim, para o Brasil em 1939, acompanhado de dois irmãos conversos e radicou-se, primeiro, em S. José do Rio Pardo, onde chegou a fazer uma fundação canônica, que, todavia, não foi adiante em razão de dificuldades que ali encontrou. Mais tarde, os monges italianos da Congregação de São Bernardo assumiram essa fundação, que deu origem à atual abadia cisterciense de N. Sra. de São Bernardo. Radicou-se, então, D. Afonso em Mairinque, no Estado de São Paulo, até que conseguiu realizar a desejada fundação em Itatinga, no mesmo estado, dando origem à Abadia de Nossa Senhora da Assunção de Hardehausen-Itatinga, o que permitiu o renascimento e a continuação da antiqüíssima Abadia de Hardehausen no Brasil, através da transferência canônica de todos os seus direitos e privilégios à nova casa fundada.

II. A ABADIA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO DE HARDEHAUSEN-ITATINGA


D. Afonso Heun, com D. Henrique e os monges que vieram para a fundação
     A fundação da nova Abadia em Itatinga foi obra de um acaso providencial. Encontrando-se D. Atanásio Merkle, abade do mosteiro cisterciense de Itaporanga, com o novo bispo de Botucatu, D. Henrique Golland Trindade, por ocasião de uma viagem, narrou-lhe o desejo de D. Afonso de encontrar um novo lar para sua comunidade dispersa. Imediatamente, D. Henrique interessou-se pelo projeto e prontificou-se a ajudar, prestando todo auxílio possível e oferecendo a paróquia de Itatinga como ponto de apoio para a fundação cisterciense em sua diocese. Aceitando a generosa oferta, D. Afonso, então radicado em Mairinque, Estado de São Paulo, adquiriu uma pequena propriedade rural próxima à cidade de Itatinga, com recursos fornecidos pelo Sr. Antonio Assumpção, o grande benfeitor do início da fundação, que foi aumentada com uma significativa doação de terras do Sr. Pedro di Piero e de mais dez alqueires ofertados pela prefeitura.  Graças a esses e muitos outros donativos, foi possível criar as condições materiais para a fundação, apoiada generosa e maciçamente pela população católica de Itatinga, tendo à frente o então prefeito André Franzollin e o Sr. José di Piero, sem excluir os mais pobres, e, ainda, por numerosos benfeitores, sobretudo da cidade de São Paulo. A todos esses amigos dos primórdios, muitos com os nomes registrados em nossa crônica e outros anônimos, a Abadia  sente-se devedora de um tributo de gratidão, deles sempre se recordando em suas orações e celebrações litúrgicas.
Vista da fachada da Abadia em Itatinga
A fundação em Itatinga, ocorreu no dia 28 de maio de 1951, significativamente a mesma data da fundação na Alemanha em 1140 e da restauração em 1927. A solene procissão, que reuniu o convento, isto é, apenas um grupo remanescente da antiga comunidade de Hardehausen, e os paroquianos, saiu da praça da matriz, tendo à frente a cruz de madeira a ser fincada no local da fundação, onde foi celebrada a santa missa. Mais tarde, no dia 16 de agosto do mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental, com a presença do Sr. Governador, Lucas Nogueira Garcez, que se considerava o padrinho da fundação. Em 1955 foi possível inaugurar o prédio do Mosteiro, simples e de proporções reduzidas, se comparado a outros mosteiros mais antigos, mas extremamente harmonioso, sólido e de singela beleza, com todos as condições para a vida regular. Durante os anos da construção a comunidade habitou a casa da chácara adquirida da família Linheira, atualmente hospedaria e denominada Casa São Liborio.
Claustro da abadia
Em 1956, D. Afonso ofereceu sua renúncia e foi escolhido para sucedê-lo D. Roberto Fluck, então prior do Mosteiro de Itaporanga. Durante seu governo, que se estendeu até 1976,  a comunidade perdeu todos os seus membros dos tempos da fundação, seja por falecimento seja porque alguns retornaram à Alemanha. Não tendo sido numerosas as vocações brasileiras, quando D. Roberto renunciou a seu cargo, não foi possível realizar uma nova eleição abacial. Desde então, o Capítulo da Congregação Brasileira dos Cistercienses, fundada em 1961 pela união das abadias de Itaporanga, Itatinga e Jequitibá (Bahia), tem confiado a administração superior da casa aos abades do Mosteiros de Itaporanga, nomeando, primeiro, D. Estêvão Stork, que foi sucedido, em 2007, por D. Luis Alberto Ruas Santos. Atualmente, o governo local está a cargo do Pe. Prior Sigardo Martins.

   Celebrando os sessenta anos da sua fundação, nós, monges da Abadia de Itatinga, voltamo-nos com gratidão para Deus, que nos concedeu este lugar abençoado para vivermos nossa vocação monástica e, também, para N. Sra. da Assunção, vendo nela nossa materna intercessora e protetora constante. Como pequena comunidade – somos, hoje, na casa, seis monges de profissão solene, com três candidatos – mantemos o ritmo da observância cisterciense, com a celebração diária da Eucaristia e da Liturgia das Horas,segundo o rito monástico, a prática da oração pessoal e da lectio divina, num clima de silêncio e recolhimento, com trabalhos de todos os tipos, incluindo aqueles manuais, tão caros à nossa tradição (jardinagem, cozinha, manutenção da casa, pequena carpintaria, confecção de doces etc.) e outros de natureza mais intelectual (administração, biblioteca, traduções, produção de textos de espiritualidade, música etc.). Muito importante, para nós, dentro da tradição beneditina, é o acolhimento dos que nos procuram, seja para a participação em nossa vida litúrgica, seja para confissão e direção espiritual, seja, enfim, para retiros em nossa hospedaria.
   Manifestando nossa alegria e nossa ação de graças, estamos realizando um pequeno programa de comemorações. Dia 26 de maio, celebraremos, com a presença de nosso bispo, D. Maurício, os dez anos de dedicação da igreja abacial, com solene missa às 19 horas. A seguir, dia 27, às  7 horas, vamos nos recordar de todos os monges falecidos de nossa Abadia. Dia 28, dia de nossa fundação, às 18 horas, teremos a solene missa de ação de graças, para a qual convidamos o clero e os religiosos da diocese. Enfim, domingo, dia 29, às 9 horas, como expressão de nossa gratidão, que atinge todos os que, ao longo de nossa longa história, no Brasil e na Alemanha, apoiaram nossa Abadia, queremos oferecer o santo sacrifício da missa, numa grande celebração campal, na intenção de todos os nossos benfeitores vivos e falecidos.

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