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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sobre o Altar


Texto de Jorge Armando Pereira

“O altar é o símbolo do próprio Cristo...”
(COMPÊNDIO, 2005, p.96).
Com esta fundamentação, é que explanaremos os conceitos e significações deste que é o símbolo fundamental de toda a concepção de um presbitério, “O altar é o símbolo do próprio Cristo, presente como vítima sacrifical (altar-sacrifício da cruz) e como alimento celeste que se dá a nós (altar – mesa eucarística)” (COMPÊNDIO, 2005, p.96). É sobre ele que podemos realizar o memento do sacrifício cruento no qual Ele, nos remiu de todos os nossos pecados

Introduzidos nesta mística transcendental, é que poderemos compreender quais são os fatores históricos e eclesiológicos que fazem do Altar o eixo que sustenta as celebrações eucarísticas, “Todo o altar é propriamente símbolo do centro do mundo, tornado-se nele visível o eixo do mundo, que liga o de cima com o de baixo, o céu com a terra” (LURKER, 1993, p.5), sua significação quanto à centralidade de sua posição enquanto mesa destinada ao sacrifício nos proporciona a conexão entre os dois extremos existentes em nossas vidas: o céu e a terra por meio do Mistério Pascal o qual acontece em sua superfície.

Mistério este que é o centro da liturgia, a qual nos converge a um processo de harmonização o qual buscamos por meio dos ritos. É preciso que compreendamos que “O altar é a mesa do sacrifício, pão e vinho são alimentos do sacrifício” (LURKER, 1993, p.215), mesa esta distinta entre muitas, pois é sobre ela que o sacrifício é rememorado diante de todos na celebração eucarística. Vale ressaltar que na Antiguidade “O altar é de modo bastante geral tido como lugar onde se oferecem sacrifícios” (LURKER, 1993, p.5).

Nesta concepção, podemos ponderar em que consiste a sua origem, bem como qual a sua finalidade que permeia toda a história das religiões como também no cristianismo em questão. Desde muito tempo atrás, é que o termo Altar é utilizado como base, suporte para a realização de sacrifícios tanto em religiões primitivas como também nas religiões contemporâneas.

Com efeito, é de suma importância que conheçamos a etimologia da palavra Altar, a fim de que possamos melhor compreender as suas necessidades e particularidades as quais foram sendo destinadas ao longo dos tempos.
A palavra ‘altar’, originalmente, vem da língua latina: altare. O latim usa também a palavra alatrium (no latim clássico: altaria, só no plural). Vem do verbo álere, cujo particípio passado é altus. O verbo álere (cujo particípio passado é altus) significa alimentar, nutrir. Mas também significa fazer crescer, desenvolver, animar, fomentar. De onde resultam os substantivos correspondentes: a ‘parte superior’ (o alto, o cimo) de uma mesa ou bloco de pedra, sobre o qual são ‘oferecidos alimentos’ aos deuses. Geralmente são animais que aí são sacrificados e queimados (assados) para a divindade, em honra dela. (SILVA, 2006, p.14)

A partir deste breve estudo no que diz respeito à origem da palavra Altar, podemos abstrair de uma forma clara e objetiva o porquê de tamanha relevância deste que é o ponto crucial da Santa Missa. Toda sua contextualização através dos milênios, faz com que o Altar se torne uma rocha firme, quanto a sua significação e simbologia cristã. Observamos que através de sua origem histórica, sua simbologia se solidifica ao passo que sua utilidade fixa a celebrações sagradas relacionadas a religiões, cristãs ou não.
Assim constatamos que o Altar, que se refere no princípio ao Judaísmo e depois ao Cristianismo é utilizado em sacrifícios e holocaustos dedicados a Deus, os quais em sua grande maioria aconteciam com animais que primeiro eram sacrificados (mortos) e depois queimados com a finalidade de oferecê-los a Deus. Com isso, o Altar tornou-se sagrado, pois ele passa a fazer parte de um rito sacrifical o qual está intimamente conectado à sacralidade. Contudo, podemos verificar que “A Santidade do altar funda-se na sua dedicação à divindade, o que com frequência se faz mediante ritos; o lugar assim consagrado pode se tornar-se como o símbolo do numinoso” (LURKER, 1993, p.5), este termo numinoso, está atrelado ao sagrado, divino ao qual se dedicam os sacrifícios.

No cristianismo, fica claro que “Na sua referência a Deus, o altar é também símbolo de totalidade. Assim Elias tomou ‘doze pedras, segundo o número das doze tribos dos filhos de Jacó’, e edificou com elas ‘um altar ao Nome de Javé’ (1R 18, 31s)” (LURKER, 1993, p.6). Esta totalidade se firma no que se refere à união de todo o mistério de Deus, o sacrifício pascal.

Podemos observar que “Os significados simbólicos principais do altar são: ser representação da mesa de a última ceia ser símbolo da santa cruz sobre a qual foi oferecido o sacrifício redentor e ser símbolo do próprio Cristo” (LURKER, 1993, p.6), ele nos remete a fatos decorrentes da vida de Cristo, nos incutindo sempre que estamos diante dele, a presença do Salvador que é nossa rocha firme da fé. É sempre um rememorar tudo o que o próprio Cristo viveu por nós, seus sofrimentos e vitórias que nos fazem cristão nos dias de hoje.

Com isso, nós podemos reconhecer a multiplicidade de significados e símbolos que ele nos revela. Estas concepções convergem no enaltecimento à sacralidade desta peça que é “A parte mais importante da casa de Deus é o altar, cujo caráter de santidade se expressa da maneira mais vigorosa nos ritos latinos da consagração de igrejas” (LURKER, 1993, p.6), o qual nos exala a presença salvífica do transcendente. Neste aspecto sagrado, é que podemos perceber que “O altar une os fiéis e é como o centro visível deles, em cujo redor se davam voltas, provavelmente sete vezes” (LURKER, 1993, p.6). Desde a Antiguidade, os escritos narram como deveria ser a construção do Altar, conduzindo-nos numa concepção de como devemos concebê-lo, para ressaltar todo o seu significado transcendental.

O altar de sacrifico deve ser de terra ou de pedras, não podendo estas ser lavradas: ‘Se me edificares um altar, de pedra, não farás de pedras lavradas, porque se levantares sobre ele o cinzel, profana-la-ás’ (Ex 20,25); ou seja, o altar não pode ser manchado por obra humana, devendo permanecer virgem e intacto. Em época mais antiga, também blocos de pedras naturais serviram de altar (cf 1sm 6,14). (LURKER, 1993, p.6).

Todos os símbolos representam em si um grande potencial de ensinamento bem como esclarecedor de nossa própria historia da religião, basta apenas buscarmos saber sobre detalhes que às vezes nos parecem pequenos e vermos a imensidão de sua origem; por exemplo: “A toalha branca do altar indica o sudário de Cristo, e as cinco cruzes que se gravam na pedra do altar na hora da consagração correspondem às cinco chagas do Redentor como fontes do sangue salvífico” (LURKER, 1993, p.6). Fica evidente, a partir desta exemplificação, o quanto somos rodeados de uma simbologia que visa a nos incitar a conexão com o Criador, pois esta é a função primordial da religião: interligar-nos, como criatura com Criador, e isso acontece também por meio dos símbolos.

Ao colocar em prática toda esta simbologia cristã, devemos estabelecer uma conexão intrínseca com os fatores históricos bem como as necessidades de espaço e tempo que se faz de extrema importância com relação à realização dos ritos específicos, tendo em vista a sua funcionalidade interligada com as orientações predispostas no Concílio Vaticano II, bem com as existentes no Missal Romano. Estas especificações nos conduzem pelo viés concreto de como podemos melhor concebê-lo “O altar deve ser construído ‘separado da parede para se poderem dar voltas ao seu redor, com facilidade, e celebrar voltado para o povo. Deverá também ser colocado de forma a constituir de fato o centro para o qual converge a atenção de toda a assembleia’.

É desta forma que o sacerdote e fiéis são verdadeiramente circunstantes, eretos ao redor do altar, como diz o antigo cânone romano. A centralidade do altar, porém, deve ser interpretada mais no sentido espiritual do que material” ( AUGÉ, 2004, p.89). O autor Matias Augé, nos referencia que o altar deve estar localizado de uma forma que a funcionalidade e a praticidade das ações litúrgicas possam ser realizadas.

Neste mesmo seguimento, observamos como é que podemos edificá-lo a fim de que ele seja o centro das celebrações e que proporcione aos fieis uma melhor participação. Quanto as suas proporções, vale ressaltar que em muitos casos o altar é confeccionado em grandes dimensões fazendo alusão ao banquete e não ao sacrifício, pois como já mencionamos acima, o altar é o local onde o sacrifício acontece “O altar exprime o valor sacrifical e cerimonial da Eucaristia. Portanto, não é somente uma mesa, mas é também a ara do sacrifício. Dada a sua função, não exige grandes dimensões” (AUGÉ, 2004, p.89), portanto, suas dimensões devem ser sóbrias e necessárias aludindo os fieis ao eixo central que é o próprio sacrifício.

Existem algumas medidas sugeridas para a confecção do mesmo sendo elas: 1,0m x 1,0m x 1,0m. Sua forma em geral sendo quadrado, retangular ou cilíndrica pode ser feita de pedra bruta lateralmente e sua superfície lapidada e polida levando sobre ela a inscrição das 05 cruzes que representam as cinco chagas de Cristo.A fronte do altar poderá receber a inscrição da cruz juntamente com os símbolos de Alfa e Ômega, princípio e fim. O material do altar deve ser sempre de pedra, por se tratar de um material firme, fixo e durável onde haverá uma durabilidade mais longa, pois o mais importante é que a sua sobriedade e discrição sejam evidenciadas a fim que o mesmo possa enaltecer o Mistério o qual irá acontecer sobre ele.

A partir disso, devemos nos remeter a como devemos proceder quanto a sua constituição e utilidade as quais estão interligadas com o sagrado. Com isso, vale enaltecer que por meio dos símbolos a Igreja nos permeia de muitos ensinamentos riquíssimos em relação ao mistério da salvação. Em suma, fica evidente que antes de sairmos por aí criando concepções próprias de como devemos construir um presbitério, pois temos que conhecer nas origens da Igreja o que ela mesma nos diz a respeito de seus significados e simbolismos que irão nos permitir conceber um espaço sagrado condizente com a Sagrada Tradição. 

REFERÊNCIA

LURKER, MANFRED. Dicionário de figuras e símbolos bíblicos, São Paulo, Paulus, 1993.

SILVA, JOSÉ ARIOSVALDO, Os elementos fundamentais do espaço litúrgico para a celebração da missa, São Paulo, Paulus, 2006.

CNBB. COMPÊNDIO: catecismo da igreja católica. São Paulo. Edições Loyola. 2005.

AUGÉ, MATIAS. Liturgia, história, celebração, teologia e espiritualidade, São Paulo, Ave Maria, 2004


Seminarista  da Arquidiocese de Botucatu
Jorge Armando Pereira
Estudante do 1º Ano de Filosofia na FAJOPA - Marília - SP. 

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